Ao que parece a cidade chamada de Belém nas escrituras judaicas e no antigo e novo testamento da bíblia cristã, já pertenceu a Jerusalém antes dos israelitas invadirem o lugar. A região foi citada nas cartas de Amarna, essas cartas são 479 pedaços de tabuinhas com escritas cuneiformes que foram encontradas no lugar onde Aquenaton mandou erguer uma nova capital no Egito cerca de 1390 antes de Cristo.
Tanto é que o livro de Gênesis chama o território de Éfrata na época de Jacó, e vale lembrar que essa época Éfrata (Belém) ainda era uma região dominada provavelmente por cananeus e Jerusalém ainda estava sendo chamada de Salém (confira nosso artigo sobre Abraão e Salém neste link).
Foi em Éfrata que Benjamin filho de Jacó nasceu, e onde Raquel faleceu logo em seguida. “E partiram de Betel; e havia ainda um pequeno espaço de terra para chegar a Éfrata, e deu à luz Raquel, (…) Assim morreu Raquel, e foi sepultada no caminho de Éfrata; que é Belém.” Gênesis 35:16-19
Nas conquistas feitas por Moíses e Josué (séculos depois de Raquel), esta região foi dada para a tribo de Judá. É por isso que trata-se de Belém de Judá. Nesse lugar ocorreram trechos famosos do antigo testamento: Jacó, o próprio Judá, Boaz (do livro de Rute), Samuel que foi na casa de Jessé (pai do rei Davi), e o próprio rei Davi. O livro de Miqueias fala que o Messias viria de Belém (Miqueias 5:02) “Mas tu, Belém-Éfrata, tão pequena entre as famílias de Judá, é de ti que me há de sair aquele que governará em Israel“.se você assistiu algum filme ou desenho do nascimento de Jesus lembrará que sempre tinha um personagem que falava sobre essa profecia.
#TRADUÇÕES INTERESSANTES
E não é que Jesus nasceu mesmo em Belém!
Belém é lembrada como a cidade do rei Davi, que é tido como o maior dos reis de Israel, e faria todo sentido aquele que segundo outras profecias seria tido como o novo rei de Israel, tendo descendência com Davi ter nascido nessa terra, mas quando observamos os textos em hebraico temos uma visão bem interessante relacionada aos nomes. Olha só:
O nome beit-lechem (בית לחם) significa “casa de pão” em hebraico. Lembra que Jesus multiplicou cinco pães para alimentar cinco mil pessoas? (Marcos 6:44) E dai ele declarou: “Eu sou o pão da vida. Aquele que vem a mim nunca terá fome” (João 6:35).
Apesar do nascimento em Belém, Jesus passou boa parte da infância no vilarejo de Nazaré, que não é mencionado em nenhuma outra parte da bíblia antes disso, essa foi a região onde provavelmente Maria nasceu. Existem pesquisas arqueológicas que mostram que essa região foi habitada há mais de 9.000 anos, e que em algum momento da história pertenceu a cananeus, mas na época de Jesus pertencia a Galileia. Um dos discípulos de Jesus, um pouco antes de conhecê-lo fez um comentário que dizia “pode alguma coisa boa vir de Nazaré”, então dá pra imaginar a pouca moral que o vilarejo tinha naquela época (risos).
O nome Nazaré (נצרת) contém a raiz netzer (נצר), que significa “ramo”, e para um bom pesquisador é possível ligar a referencia à profecia messiânica sobre o futuro rei: “Um ramo surgirá do tronco de Jessé, e das suas raízes brotará um renovo” (Isaías 11:1).
Agora viajando um pouco pelas traduções dos nomes dessas regiões, logo após passar a páscoa em Jerusalém, Jesus foi orar no jardim do Getsêmani, que significa “prensa de oliveiras” gat shemen (גת שמן), em hebraico. Esse jardim fica no inicio do Monte das Oliveiras, no vale de Cédon. E sim usamos o verbo no presente (fica), porque o jardim ainda está preservado, e estima-se que algumas oliveiras desde lugar tenham quase 900 anos.
De acordo com Lucas a angustia de Jesus foi tanta que seu suor trouxe gotas de sangue que corriam até o chão. Como se ele fosse prensado. Vale lembrar que Lucas não foi discípulo direto de Jesus e portanto não viu o acontecimento, mas entrevistou pessoas que eram testemunhas oculares dos fatos, antes de escrever o evangelho que leva seu nome.
O fato de Jesus ter suado sangue é fisicamente possível segundo a medicina, apesar de ser extremamente raro, é uma condição chamada hematidrose, mas não falaremos sobre isso agora.
Naquele momento Ele estava vivendo a pressão de saber o que viria logo em seguida, o ato de Gólgota גלגלתא (“caveira”). O monte Gólgota em latim é chamado de Calvaria, e em grego Kranion, e talvez você já tenha ouvido um desses nomes, afinal foi ali que Jesus foi crucificado. Esse monte com nome assombroso fica em Jerusalém pela história, mas é fato que o lugar exato atualmente ninguém sabe. Acredita-se que o nome dado a este local se deve à sua semelhança com uma caveira, alguns textos dizem ser devido ao fato de o crânio de Adão estar enterrado ali, mas o mais provável é que seja por causa dos muitos crânios dos criminosos que ali foram executados pelos romanos e que lá terão sido deixados.
#O FIM QUE TROUXE O COMEÇO
O que aconteceu no Gólgota foi previsto em Isaías 53, cerca de 750 anos antes do fatídico dia da crucificação. Eu gostaria de fazer meus próprios comentários sobre isso, mas hoje acredito que Isaías 53 é muito melhor do que eu mero escritor tenho a lhes dizer, então fica aqui o texto que previu a crucificação, mas que também nos mostra que naquele dia, onde Ele morreu, nós que nem havíamos nascido, fomos libertos de todo o peso, mesmo que não saibamos ou não concordemos com isso:
ISAÍAS 53:04-12
- Verdadeiramente ele tomou sobre si as nossas enfermidades, e as nossas dores levou sobre si; e nós o reputávamos por aflito, ferido de Deus, e oprimido.
5. Mas ele foi ferido por causa das nossas transgressões, e moído por causa das nossas iniquidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e pelas suas pisaduras fomos sarados.
6. Todos nós andávamos desgarrados como ovelhas; cada um se desviava pelo seu caminho; mas o Senhor fez cair sobre ele a iniquidade de nós todos.
7. Ele foi oprimido e afligido, mas não abriu a sua boca; como um cordeiro foi levado ao matadouro, e como a ovelha muda perante os seus tosquiadores, assim ele não abriu a sua boca.
8. Da opressão e do juízo foi tirado; e quem contará o tempo da sua vida? Porquanto foi cortado da terra dos viventes; pela transgressão do meu povo ele foi atingido.
9. E puseram a sua sepultura com os ímpios, e com o rico na sua morte; ainda que nunca cometeu injustiça, nem houve engano na sua boca.
10. Todavia, ao Senhor agradou moê-lo, fazendo-o enfermar; quando a sua alma se puser por expiação do pecado, verá a sua posteridade, prolongará os seus dias; e o bom prazer do Senhor prosperará na sua mão.
11. Ele verá o fruto do trabalho da sua alma, e ficará satisfeito; com o seu conhecimento o meu servo, o justo, justificará a muitos; porque as iniquidades deles levará sobre si.
12. Por isso lhe darei a parte de muitos, e com os poderosos repartirá ele o despojo; porquanto derramou a sua alma na morte, e foi contado com os transgressores; mas ele levou sobre si o pecado de muitos, e intercedeu pelos transgressores.