O JESUS HISTÓRICO parte 1: Mas afinal o que a história diz

É importante entender que o personagem estudado aqui é diferente da religião. Estamos em busca do Jesus histórico, de informações que digam que o homem Jesus existiu, que deixou alguma marca na história, além dos textos encontrados na bíblia cristã. É impossível tratarmos aqui do Jesus divino, Filho de Deus, pois sendo divino seria impossível qualificarmos ele. Queremos apenas saber da história do personagem humano chamado Jesus, que está ligado as crenças cristãs, mas que segundo as mesmas crenças viveu também como humano neste planetinha chamado Terra.

Textos e artefatos

Fora da bíblia cristã, os textos mais antigos sobre Jesus são de Flavio Josefo que morreu em 100 D.C. , ele era um historiador que tentou escrever toda a história do povo judaico, e nos seus escritos aparecem citados Jesus, João Batista e Tiago (irmão de Jesus).

O próprio Jesus nunca escreveu ou pediu que alguém escrevesse sua história. Todos os textos teológicos foram escritos por seguidores, em sua maior parte por pessoas que não chegaram a conhece-lo pessoalmente. Dentre eles Lucas, médico grego e discípulo de Paulo de Tarso. Lucas é importante nesse ponto pois, apesar de não ter conhecido Jesus pessoalmente, entrevistou pessoas que conheceram e conviveram com ele. Sendo o Evangelho de Lucas composto por histórias relatadas por estes entrevistados. Para conhecer um pouco mais sobre Lucas, clique aqui.

Já falando de artefatos arqueológicos, temos um grande problema, pois na Idade média o comercio religioso criou muitos artefatos falsos, a fim de explorar a crença em relíquias para compradores em busca de serem abençoados. Por isso não é possível afirmar que nenhum artefato daqueles tão citados como o Sudário ou o cálice da ceia, são realmente reais no que se trata a sua relação com Jesus.

Jerusalém foi completamente destruída por Tito em 70 DC, e com o avanço do domínio romano sobre os judeus na Grande Revolta Judaica, parte dos locais por onde o Jesus humano passou também foram perdidas. Já em 135 DC, Adriano novamente mandou destruiu Jerusalém e construir sobre os escombros outra cidade. Então muito da história se perdeu ali, documentos e artefatos que tratavam da história e da existência de Jesus se perderam.

Uma curiosidade, o primeiro evangelho foi escrito depois da destruição de Tito.

Maria e o nascimento

Há um documento encontrado do século 2 que diz que Maria quando casou-se com Jose era menina de entre 13 e 15 anos, que viveu na vila de Nazaré, um local com no máximo 300 habitantes. Na teologia, fora deste documento mas também fora da biblia, havia o boato de ela ser amante de um soldado romano, e estando gravida (fosse do Espirito Santo ou não) seria apedrejada por crime de adultério, porém José a desposou. O casamento foi importante, pois livrou Maria do apedrejamento, sendo que estando casada, somente o marido poderia acusa-la de adultério, e como a bíblia fala José não a acusou devido a visita que recebeu do Anjo Gabriel

A teologia e historiologia bíblica, deixam uma brecha, uma possibilidade de erro de tradução. Frank Tipler, físico e autor do livro “A física do cristianismo” cita que a palavra usada por Mateus no seu evangelho é “almah” que foi traduzida em diversas versões como “virgem”, mas na verdade significa “jovem moça” ou “donzela”, a palavra grega que significa virgem é “Paternos” e não a usada por Mateus “almah”. Mas é claro que estamos falando de possibilidades e afirmações recentes, Thomas de Aquino e Santo Agostinho, dentre outros inúmeros historiadores, afirmam que a história correta é do nascimento virginal de Jesus.

Em varias culturas, fora da bíblia, havia a profecia de uma estrela que prenunciaria o nascimento do filho de Deus. Isso foi citado inclusive por Tasto e Suetonio. E os romanos conheciam essa profecia, tanto é que a usaram com a morte de Júlio Cesar, pois um cometa ficou visível no céu, e os romanos alegaram que aquela ‘estrela’ anunciava o nascimento de Augusto, e esse nascimento é registrado no calendário Priene na Turquia, como pasmem, o nascimento do evangelho do mundo.

Já quanto aos 3 homens que visitaram Jesus recém nascido, é preciso ressaltar que não eram magos, Jose e Maria seriam considerados pecadores se recebessem magos. A história destes homens é praticamente inexistente, mas provavelmente eram apenas estudiosos que conheciam a profecia da estrela que prenuncia o nascimento do filho de Deus.

Sobre o nascimento em Belém, não há provas, mas caso tenha ocorrido, potencialmente seria em ambiente de pastoreio como uma manjedoura, por exemplo, pois Belém era uma cidade de criação de ovelhas, a maioria das ovelhas que os judeus sacrificavam nos templos vinham de Belém. Porém não foi em um estabulo de um hotel como algumas peças de teatro contam, mas sim em um ambiente da família de José. Se Jose havia nascido em Belém e estivesse voltando para lá para o censo, é suposto que ele seguiria a tradição judaica de hospedar-se na casa de familiares, e não procurar por uma hospedaria. Provavelmente se o censo ocorreu, a casa da família estaria tão cheia a ponto de não haver espaço na casa e somente no seu estabulo, que nas construções da época ficavam geralmente acoplados na casa principal. Lucas em seu evangelho cita hospedaria, porém é um erro de tradução, a palavra grega do original deve ser traduzida como hospedar de ter um hospede em casa dentro de um quarto de hospede, ter um visitante em casa, e não como hotel. E neste caso vale lembrar que Lucas entrevistou Maria.

Messias

No momento em que Jesus veio ao nosso mundo, existiam outros homens que também foram considerados messias por algumas vertentes judaicas, e é importante ressaltar aqui que os judeus esperavam como messias, um líder que os conduziria a uma vitória contra o domínio romano, sendo um zelote, um homem literalmente de guerra, que seria o líder do movimento contra Roma e que após sua vitória seria coroado Rei dos Judeus. Mas Jesus foi rejeitado pelos lideres judaicos, pois seus ensinamentos não apoiavam esses movimentos. Portanto enquanto em vida, Jesus não era considerado Messias por grande parte da população judaica, ele foi um condenado político, inclusive que o titulo de Messias para Jesus é rejeitado pelos judeus até os dias atuais. E isso é importante porque nos primeiros 100 anos depois de sua morte, o movimento histórico de Jesus como Filho de Deus, se concentrou em levar a mensagem que dentro todos os possíveis messias que surgiram naquele momento, Jesus era O VERDADEIRO e O ÚNICO Messias.

As mensagens de Jesus, eram altamente revolucionarias para aquela época e aquele grupo onde estava inserido, e mesmo que ele não fosse considerado o Cristo, ele acabaria sendo morto pelos romanos provavelmente em morte de cruz, ou até mesmo pelas mãos dos lideres judeus.

Em Roma, foi encontrado um grafite, sim um grafite em uma escola do século 2, com um cavalo numa cruz e um jovem em frente a ele, com a frase em grego “Alexandre adora Deus”, um certo bulling com um tal de Alexandre que não era o grande.  Também ha relatos de um governador da Bitínia, atualmente parte da Turquia, que faz referência ao Cristo crucificado e de como os cristãos o cultuavam como Deus.

Em 1967 foi encontrada em Israel, uma caixa de pedra com ossos de alguém que foi crucificado na época de Jesus, esse é único artefato que trata de crucificações romanas, e havia um prego no calcanhar da vitima. Então a partir dele, legistas fizeram inúmeros levantamentos da posição de morte de crucificados, e são bem diferentes das representações que conhecemos, mas isso é um tema para outro artigo.

Os romanos tinham uma tradição póstuma, que a pessoa que fosse executada era jogada em vala comum, e seu cadáver não era fornecido a família para sepultamento, daí vem a importância de José de Arimatéia, que foi até Pilatos pedir o corpo de Jesus após a crucificação para que o sepultasse. Porém a pessoa executada e que possuísse muitos seguidores, deveria ter seu cadáver exposto em praça publica ou ficar na própria cruz para apodrecer e ser consumido ali, para que assim evitassem o culto ao local onde a pessoa fosse sepultada. Essa era uma tradição vigente pelo exercito romano, porém no caso de Jesus, ele foi sepultado. Mas vale lembrar que não há provas desse sepultamento. Túmulos com escritas da época já foram encontrados, até mesmo uma urna funerária com uma ossada, e nesta urna havia a seguinte inscrição “Tiago, filho de José, irmão de Jesus”. Porém o tumulo que pertencia a Atimatéia, onde Jesus foi sepultado, nunca foi localizado.

Já sobre a ressureição, os relatos dos evangelhos não conotam uma propaganda, eles apresentam traços de história, como os discípulos mais próximos estarem escondidos com medo, seria vergonhoso falar abertamente isso, e o fato das primeiras a verem o Jesus ressuscitado serem mulheres, a palavra de uma mulher não possuía nenhum valor, portanto uma ficção fantasiosa colocaria homens ali e não mulheres. Isso não é uma prova que podemos pegar e manusear como um artefato por exemplo, mas é como um historiador analisa um documento, observando se o relato é fantasioso ou não.

Flavio Josefo, que não era cristão, possui um relato sobre um homem que era chamado Cristo que foi crucificado, e que segundo seus discípulos ressuscitou no terceiro dia e apareceu a muitos. Ressaltamos que alguns fazem criticas a este texto dizendo que foi adicionado ao original de Flavio Josefo por tradutores cristãos, porém ele está em todas as cópias arqueológicas do texto, incluindo cópias antigas para o árabe, traduzida por mulçumanos.

Dúvidas sobre as buscas?

Atualmente a comunidade cientifica não duvida da existência de um Jesus que andou há 2000 anos atrás na Galileia, e possuiu seguidores, alguns historiadores que lançam duvida de sua existência, vem e vão com o passar do tempo com afirmações que são facilmente refutadas. O Jesus histórico existiu, e vamos falar mais dele em uma serie de outros artigos. O que hoje é a discussão da comunidade cientifica são as possibilidades deste Jesus como o real Filho de Deus, seus milagres, sua ressureição. Ainda existem muitos mistérios a serem desvendados, mas há de se dizer que ‘não há nada em oculto, que não venha a ser revelado’. Continuaremos nossa busca.

E você … o que tem buscado?

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