A MORTE DE JESUS PARTE 2: Interrogatórios e julgamentos

Conhecemos a história, Jesus foi morto em cruz romana depois de um julgamento injusto. Mas você sabe o que aconteceu nesse julgamento? O que o tornou injusto? O que realmente aconteceu? Neste artigo veremos passo a passo os detalhes que a história conta nos registros dos quatro evangelhos biblicos.

Vale ressaltar que durante quase todo seu ministério, os lideres judeus se incomodam com as palavras e os atos de Jesus, e, portanto durante todo esse tempo eles tramam formas de O calar.  Indicamos que inicie seu estudo sobre a morte de Jesus a partir do artigo que escrevemos sobre os fatos que antecedem a prisão. CLIQUE AQUI PARA LER.

É importante observar que os relatos desses acontecimentos estão escritos fora de ordem em todos os evangelhose alguns deles com mais detalhes que outros. Portanto abaixo navegaremos em alguns livros e capítulos para entender como tudo aconteceu de forma cronológica, ou seja, neste estudo veremos a forma como aconteceu passo a passo.

O artigo longo, mas te garanto que ao final dele você entenderá muito sobre o que tanto falam sobre esse Jesus. E te garanto que sua visão dos fatos será ampliada.

Para melhor compreensão indicamos que se façam as leituras indicadas nos livros bíblicos.

 

INTERROGATÓRIOS E JULGAMENTOS

 

JOÃO 18:12-14 e 18:19-24 > PRIMEIRO INTERROGATÓRIO

Os guardas que haviam prendido Jesus no Monte das Oliveiras, o levaram até a casa do sogro de Caífas. 

Esse episódio deve ter ocorrido entre meia-noite e 02:00 horas mais ou menos. Deve ter sido um interrogatório curto, pois o sogro já havia sido sumo-sacerdote, e conhecia muito bem a aplicação de todas as leis religiosas.  Mas porque Jesus não foi levado diretamente ao Sinédrio? Seria como nos dias de hoje prender um bandido e levar ate a casa do delegado ao invés da delegacia. 

O julgamento do Sinédrio não poderia ocorrer à noite, portanto era preciso amanhecer, e eles tinham pressa. O julgamento geralmente era com base em relatos de testemunhas, e no momento não haviam testemunhas. Todo o processo de interrogatório relatado aqui foi ilegal.

No verso 20 Jesus responde que Pregou abertamente no tempo, onde todos ouviam, e disse “Pergunta aos que ouviram, o que eu falei a eles”. Essa resposta de Jesus mostra que ele conhecia muito bem a lei dos judeus, pois era ilegal fazer perguntas ao acusado sem ter testemunhas de acusação presentes. Em resumo, Jesus pediu um julgamento justo. 

Anás então manda Jesus para Caífas. 

 

MATEUS 26:57-68 > SEGUNDO INTERROGATÓRIO

Na casa de Caífas, já estavam reunidos os membros do Sinédrio e alguns sacerdotes que não eram membros do Sinédrio. 

Os 4 evangelhos dizem que Jesus passou por esse interrogatório, Mateus e Marcos dizem que esse interrogatório de condenação aconteceu na casa de Caifas, e que de manhã Jesus foi levado ao julgamento, já Lucas ( 22:66-71) diz que esse interrogatório de condenação já foi de manhã no Sinédrio. Acredita-se que todos estejam corretos. Durante a madrugada Jesus passou da casa de Anás para a casa de Caifas (que deveriam estar no mesmo terreno), onde segundo Lucas 22:63 passou por uma sessão de pancadaria. E o julgamento para acusação e condenação deve ter ocorrido logo após o nascer do sol, para poder gerar uma condenação valida, pois não poderiam condenar ele se fosse de noite. 

Essa passada pela casa de Caífas deve ter ocorrido entre 02:00 ou 03:00 da manhã, pois as 03:00 Jesus estava no pátio segundo o relato de Lucas que veremos na negação de Pedro. 

Entre 05:00 e 06:00 Jesus deveria já estar no Sinédrio. O sol amanhecia as 05:00 horas, mas no relógio dos judeus era por costume iniciar o dia as 06:00 horas. Provavelmente o Sinédrio não esperou muito, assim que foi possível estabelecer que era dia fez o seu veredicto.

Nesse interrogatório, o Sinédrio e os sacerdotes tentavam gerar alguma acusasão falsa para condenar Jesus. Vale lembrar que em Mateus 26:01-05 mostra que dias antes eles tentaram em uma reunião secreta achar uma condenação nas leis para aplicar em jesus, porém não encontraram nenhuma, por isso tentavam nesse interrogatório, inventar acusassoes falsas. 

Segundo as leis do Sinédrio (com base em Deuteronômio 17:06 e 19:15), eles somente poderiam condenar se houvesse concordância entre 2 testemunhas, mas como eram falsos eles não se entendiam e portanto não era possível gerar a condenação. Jesus em todo esse período ficou em silencio, porque uma palavra durante esses testemunhos falsos poderia dar a entender que Ele estava se defendendo de algo que aconteceu, o que não era o caso. Ele sabia exatamente que não deveria falar nesse momento. 

No verso 63 Caífas diz “Eu conjuro pelo Deus Vivo que nos diga se tu és o Cristo, o Filho de Deus”. Segundo a tradição nesse formato de pergunta Jesus seria obrigado a responder pois era como um juramento obrigatório. Mateus diz que a resposta foi “Foi você quem disse”, mas Marcos 14:62 mostra que Jesus respondeu “Eu sou”.  E ele complementa dizendo “vereis o Filho do Homem assentado a direita do Todo-Poderoso, e vindo sobre as nuvens do céu”, isso é uma citação do Salmo 110 que inclusive tem o titulo “O reino e o sacerdócio do Messias”

“Disse o Senhor ao meu Senhor: Assenta-te a minha direita….”  — Salmo 110:01

E de um trecho da visão de Daniel:

“…E eis que vinha nas nuvens do céu, um como o Filho do Homem”Daniel 7:13

 

Em ambas as referencias que Jesus usou, aquele que é citado na profecia, recebe toda a gloria e o reino e a vitória. Ele se põe então no lugar da pessoa pela qual é profetizada dizendo, “esse sou eu, esses textos falam de mim”. 

Caífas não deixa passar a única oportunidade que conseguiu e faz literalmente um escândalo. Ele rasga suas vestes. Essa é uma pratica antiga que não se usava mais, ela demonstrava grande pesar, e era proibido um sacerdote rasgar suas vestes. A única exceção que permitia um sacerdote rasgar suas vestes era se testemunhasse uma blasfêmia. 

A blasfêmia era um crime condenado com morte segundo as leis do Sinédrio, considerando que neste caso a blasfêmia era ver Deus como um homem, imagens, idolatrias, ou mesmo dizer que era Deus:

E aquele que blasfemar o nome do Senhor, certamente morrerá; toda a congregação certamente o apedrejará; assim o estrangeiro como o natural, blasfemando o nome do Senhor, será morto.”
Levítico 24:16

No caso de blasfêmia, quem apedrejava seriam os próprios sacerdotes e membros do sinédrio, e a vitima seria apedrejada ate a morte. Porém Roma, que governava o lugar, havia tirado dos judeus o direito de aplicar a pena de morte a quase 30 anos, então nesse caso, eles não poderiam matar Jesus usando essa acusação. Somente os romanos poderiam aplicar pena de morte. 

Mas lembrando que eles não poderiam gerar a condenação a noite, portanto era preciso esperar amanhecer. Lucas 22:66 diz que esse episódio da blasfêmia aconteceu de manhã e no Sinédrio, como um julgamento já com fatores legalmente permitidos, porém era impossível para eles aplicarem a pena. Portanto a saída foi leva-lo até Pilatos.

 

JOÃO 18:15-18 > A PRIMEIRA NEGAÇÃO DE PEDRO

O relato das 3 negações está nos 4 evangelhos, mas o nível de detalhes é maior em João. 

João é o único que fala que Jesus passou pela casa de Anás, Mateus, Marcos e Lucas falam apenas da casa de Caifas. Isso porque se acredita que eles moravam em casas no mesmo terreno e compartilhavam o pátio. Portanto somente quem entrou no pátio saberia em que casa Jesus entrou. O próprio João esteve presente nesse momento no pátio, portanto podendo relatar com mais detalhes. No verso 15 diz que junto a Pedro estava outro discípulo, a maioria dos teólogos acreditam que esse discípulo era João, devido a forma como ele sempre se descrevia.

Essa primeira negação ocorreu enquanto Jesus estava dentro de uma das duas casas.

Em outros trechos de João vemos ele mencionar Arimatéia, Nicodemos e outros com um grau de intimidade maior do que os demais evangelhos, então se acredita que o relacionamento de João era maior com alguns membros do Sinédrio, por isso ele conseguiu entrar no pátio da casa, e levou Pedro junto com ele. 

E foi a mulher que abriu a porta que disse ter reconhecido Pedro, mas o relato ali mostra que foi uma conversa particular, provavelmente ninguém ouviu, somente eles.  Não havia um grande motivo para a negação, a não ser o medo de ela denunciar ele para os guardas que estavam ali.

O texto diz que haviam guardas e servos ali fora, e esse movimento deveria ser devido a quantidade de pessoas que foram mandadas para o Monte pelo sumo-sacerdote para prender Jesus, na casa devem ter entrado somente os mais importantes e o restante deve ter ficado do lado de fora. 

 

JOAO 18:25-27 > SEGUNDA E TERCEIRA NEGAÇÃO DE PEDRO

Pedro, João, soldados, servos e etc, ainda estavam no pátio esquentando-se na fogueira. E mais 1 vez ele foi questionado se era um dos que estavam com Jesus, sendo que sua resposta foi não. Mas logo em seguida alguém que esteve na prisão de Jesus no Monte das Oliveiras e por coincidência era parente daquele que Pedro havia cortado a orelha, disse que tinha visto ele no Monte junto com Jesus. Pedro negou e no mesmo instante cantou o galo, isso acontecia as 03:00 da manha, esse era o horário do cantar do galo em Jerusalém. Eles marcavam a hora da 3º vigília da noite assim.

LUCAS 22:61-63 diz:

No verso 63 e 64 mostra que Jesus passou nesse momento para uma sessão de esbofeteamento no pátio das casas. Por isso ele conseguiu ver Pedro nessa hora. Portanto essa sessão de esbofeteamento iniciou-se perto das 03:00 da manhã. 

No verso 61 diz que Jesus olhou nos olhos de Pedro logo após o galo cantar, e provavelmente esse olhar deve ter estremecido Pedro. No verso 62 mostra como Pedro se arrependeu. Pedro sai do pátio, mas mostra que não era mais por medo, e sim por tristeza.

 

LUCAS 23:01-07> JESUS PERANTE PILATOS 

Pretório era a residência de Pilatos em Jerusalém. Provavelmente ficava na Fortaleza Antônia, e como vimos no primeiro estudo, Herodes (pai de Herodes Antipas) havia reformado o Templo dos Judeus, e construído junto a ele, no lado noroeste, a fortaleza Antônia, um quartel militar de soldados romanos. Portanto o pretório estaria do lado do Templo dos judeus. O palácio de Pilatos ficava em cesareia, e no Pretório de Jerusalém ele residia quando estava na cidade. E em decorrência da pascoa, como autoridade romana do lugar, ele estava presente em Jerusalém durante todo o período dessa festa judaica.  

Era bem cedo na sexta de páscoa, e os judeus não podiam entrar no pretório, pois seriam contaminados religiosamente e não poderiam celebrar a pascoa depois. Portanto Pilatos foi receber eles do lado de fora.

O sinédrio mentirosamente acusou Jesus de rebelião contra Roma, dizendo que Jesus proibia seus discípulos de pagarem o imposto cobrado por Roma. Era notoriamente uma acusação falsa, se olharmos o texto de Lucas 20:19-26, onde os fariseus haviam tentado anteriormente pegar Jesus em flagrante com essa acusação e a resposta de Jesus havia sido:

“Dai pois a Cezar o que é de cezar e a Deus o que é de Deus” — Lucas 20:25

O Sinédrio também levantou a acusação de que Jesus se proclamava o Rei dos Judeus. A resposta de Pilatos está mais bem descrita em Joao 18:35-38

“…por acaso sou eu judeu? A tua própria gente te entregou, o que foi que você fez?  Respondeu Jesus: O meu reino não é desse mundo….”Joao 18:35-36

Voltando nos relatos de Lucas, Pilatos diz para o sinédrio que Jesus não é culpado de crime algum, mas eles insistiam que Jesus causava alvoroço ensinando pela Judeia desde a Galileia, onde começou (Lucas 23:04-05). Isso é importante destacar, porque se Jesus começou na Galileia a ensinar e segundo eles causar tumulto, a lei romana era clara dizendo que o acusado deveria ser julgado no local de origem do crime, ou em casos específicos ter seu processo transferido para o lugar de onde ele veio para cometer o crime. Em ambas as situações judiciais, o crime de Jesus deveria ser obrigatoriamente julgado pelas autoridades da Galileia e não por Pilatos que era autoridade da Judeia.  E foi por isso que Pilatos enviou Jesus para Herodes, o governador da Galileia. 

Pilatos e Herodes eram politicamente inimigos declarados, portanto Pilatos deve ter aproveitado a oportunidade para se desfazer do julgamento de jesus e para dar trabalho para Herodes. 

 

LUCAS 23:08-12 > JESUS PERANTO HERODES

João, Mateus e Marcos não falam de Herodes, somente Lucas. Provavelmente quem esteve na praça do pretório naquela manhã não viu Jesus saindo do Pretório e indo para Herodes, e nem ele voltando de Herodes para o pretório. Então é plausível que Lucas tenha colocado esse detalhe por entrevistar alguém que estava ciente do fato.

Herodes morava na Galileia, mas estava em Jerusalém (que fica na Judeia) por causa das festas de pascoa. Seu palácio ficava também perto do templo, por isso o caminho entre um lugar e outro ocorreu rapidamente.

Este é Herodes Antipas, aquele que pediu a cabeça de João Batista em uma bandeja (Marcos 6:14-29). E desde que ficou sabendo que Jesus fazia milagres, ficou intrigado e queria conhece-lo, chegando a acreditar que Jesus era na verdade João Batista ressuscitado. (Lucas 09:07-09). Devido a sua curiosidade Herodes recebeu Jesus em seu palácio.

Esse relato aparece somente em Lucas, e com poucos detalhes. O que fica claro no texto, é que Jesus não respondeu aos questionamentos que Herodes fazia. O sinédrio deve ter levado as mesmas acusações que levaram para Pilatos. Herodes era governador da Galileia, portanto tinha a autoridade de realizar o processo de condenação segundo as leis romanas. Mas se recusou.

O pai de Herodes havia sido declarado formalmente Rei dos Judeus 70 anos antes, e na sua morte as terras haviam sido dividas. Já Herodes Antipas, era o filho do Rei dos Judeus. É importante falar que Antipas não assumiu o titulo de rei dos judeus na morte do seu pai, mas provavelmente a acusação que fizeram de Jesus como se autodeclarando Rei dos judeus deve tê-lo deixado irritado, tendo em vista que Antipas deveria ser o rei dos judeus e não recebeu esse titulo. E possivelmente foi isso que o motivou a zombar de Jesus com manto de rei (Lucas 23:11).  E assim Jesus foi devolvido a Pilatos, como se devolve um presente indesejado.

Lucas terminando dizendo que Pilatos e Herodes fizeram as pazes nesse mesmo dia.

 

JOÃO 18:38-40 E 19:01-16 – PILATOS E BARRABAS

João mostra mais detalhes nesse trecho:

No pretório estavam novamente com Jesus, mas Pilatos tinha intenção de liberta-lo, ele não poderia simplesmente abrir a porta e manda-lo sair, seguindo o direito romano, para isso deveria ser um veredicto publico.  

Na festa de pascoa era um costume antigo dos judeus soltarem um prisioneiro que encontrava a graça. Os romanos, depois de assumirem o poder continuaram o costume. E toda sempre em uma determinada manhã na época da festa o povo judeu se reunia no pretório para acompanhar a decisão de graça do prisioneiro que seria livre. Por isso naquele momento deveria haver uma multidão no pretório, lembrando que a cidade estava lotada, e que a maioria das pessoas não eram moradores de Jerusalém. Provavelmente esse povo estava desde muito cedo nesse lugar esperando o momento do evento. 

Como Pilatos precisava dar o veredicto publico, tentou a boa graça do povo, pois sabia que o mesmo Jesus teve uma entrada triunfal em Jerusalém sendo aclamado pelo povo, dias antes.  Mas o povo gritava para soltarem Barrabas. 

Pilatos não queria condena-lo, e segundo João 19:01 primeiramente enviou Jesus a uma cessão de açoitamento, pois acreditava que assim o povo ficaria satisfeito e cederia, libertando Jesus.  Falaremos do açoitamento neste estudo mais abaixo. Segundo Lucas foi nesse momento que Jesus recebeu a coroa de espinhos e uma capa roxa, a cor roxa era uma cor usada pela realeza, e os espinhos da coroa eram provavelmente pequenos galhos com espinhos de cerca de 30 cm, pegos de uma tamareira, esses espinhos provavelmente rasgaram profundamente a cabeça de Jesus. Como o pretório ficava anexo ao quartel militar, essa sessão de açoites foi executada rapidamente.

Os sacerdotes tentam convencer Pilatos com o argumento de que segundo a lei judaica ele deveria morrer pois se fez Deus (blasfêmia, como vimos mais acima). Isso deixou Pilatos com medo, e como veremos abaixo, a esposa dele havia enviado um recado, que pode ter aumentado esse medo. Os romanos acreditavam em vários deuses, e em deuses que tomavam a forma de homens, portanto as crenças de Pilatos poderiam ter feito ele pensar que jesus era um destes deuses, e provavelmente por isso fez os questionamentos “De onde tu és” (João 19:09), mas observe a resposta de Jesus sobre sua autoridade:

“Nenhuma autoridade terias sobre mim, se de cima não te fosse dada, por isso, quem me entregou a ti maior pecado tem.” — Joao 19:11

Nesse verso Jesus demonstra a Pilatos 2 coisas: 1: A soberania de Deus; 2: Que Pilatos não era o culpado real pela sua morte, Pilatos não sabia das tramas de Caifas e do Sinédrio e nem da traição de Judas. Se olharmos bem esse trecho, mesmo em um momento de profunda dor Jesus estava de certa forma consolando Pilatos.  

Era Parasceve pascal: Sexta-feira, dia em que os judeus se preparavam para celebrar o sábado ou qualquer dia festivo, especialmente a Páscoa.

Era hora sexta: Joao usou a contagem de horas dos romanos, algo entre 6 e 9 horas da manhã. João é o único que usa o relógio romano, e isso está de acordo com o fato do apóstolo João ter escrito predominantemente para gentios do final do primeiro século. Em João 18:28 diz que o sinédrio chegou bem cedo de manhã no pretório com jesus, portanto é plausível que esses fatos tenham levado realmente pouco tempo para ocorrer, e que o veredicto tenha ocorrido mesmo antes das 09:00 da manha. 

Ao retornar dos açoites Pilatos tenta então fazer o povo escolher jesus, mostrando aquele homem todo machucado e sem culpa, mas o povo mais uma vez grita por Barrabas. Barrabas era um prisioneiro salteador, que pode significar ladrão mas também terrorista ou guerrilheiro.  Lucas 23:19 diz que o crime dele havia sido um homicídio. É provável que Barrabas era um zelote, como vimos na primeira aula. 

Quando lemos a mesma passagem em Mateus 27:11-25, vemos outros detalhes. 

Segundo Mateus o povo estava sendo subornado para escolher Barrabas. 

“Mas os principais sacerdotes e os anciões persuadiam o povo, a que pedissem Barrabas e fizesse morrer Jesus.” — Mateus 27:20

Mateus também é o único evangelho que cita a esposa de Pilatos.

“E, estando ele no tribunal, sua mulher mandou dizer: Não te envolvas com esse justo; porque hoje, em sonho muito sofri por seu respeito” — Mateus 27:19

E também é somente em Mateus 27:24-26 o trecho onde Pilatos lavou suas mãos, retirando de si toda a culpa desse veredicto. 

Mateus, Marcos e João falam que os soldados fizeram isso com Jesus depois da decisão final de Pilatos, e dali já seguiram para a cruz. Porém Lucas cita que Jesus passou pelo açoitamento e depois voltou para receber o veredicto final. Lucas era jurista, medico e jornalista, portanto deve ter estudado esse momento de julgamento para expor em seu livro. Lucas escreveu para romanos, e seu evangelho na verdade é um argumento de defesa para uma das prisões de Paulo, portanto o relato do julgamento de Pilatos deve estar mais próximo do que ocorreu realmente.  Apesar dessa divergência entre o momento em que ocorre a aclamação por Barrabas e o açoitamento, todos os 4 evangelhos são unanimes na ocorrência dos fatos. 

 

MARCOS 15:20-32 > CRUCIFICAÇÃO

No verso 21 fala de Simão Cirineu, ele era judeu, mas morava em Cirine, norte da Africa, e provavelmente estava em Jerusalem para as festas de pascoa. Marcos cita o nome dos filhos de Simão como referencia a quem é esse homem. Arqueologos encontraram a ossada do filho Alexandre(filho de Simão) em escavações perto de Jerusalém, provando que este homem existiu.  O outro filho, chamado Rufo, é citado em Romanos 16:13. Ele foi anos depois, um membro importante da igreja de Roma, onde Marcos estava, e, portanto como autor do evangelho, Marcos pode identificar claramente quem era o homem que carregou a cruz por Jesus. 

Marcos fala que a crucificação foi no Gólgota (lugar da caveira em Aramaico) e Lucas chama de Calvário (lugar da caveira em latim). Não existe uma localização exata, escavações de arqueologia apontam pra 2 possibilidades: O calvário de Gordom (uma colina ao norte de Jerusalem) e o outro lugar é onde hoje esta a Igreja do Santo Sepulcro, um pouco a oeste dela. Não se sabe o lugar exato.

Acredita-se que a distancia percorrida entre o pretório e o lugar da crucificação era de 500 a 1000 metros, em condições normais à pé algo entre 10 a 20 minutos. Curiosamente segundo o Google Maps, essa é a distancia hoje entre o Muro das Lamentações (escombro do antigo templo) e a Igreja do Santo Sepulcro. 

Era hora terceira: no método judaico seria em torno das 9:00 horas, o que ate aqui está de acordo com Lucas que usou o relógio romano, sendo que o veredicto se deu em torno das 9:00, e que o caminho percorrido ate a cruz era próximo, portanto a crucificação ocorreu entre 9:00 e 10:00 horas. 

Era costume dos romanos pregar na cruz sobre a cabeça do crucificado, uma placa com o crime que a pessoa cometeu. Como Pilatos não encontrou crime em Jesus, escreveu aquilo que os próprios judeus disseram> REI DOS JUDEUS. Uma comparação entre os 4 evangelhos revela que a inscrição completa era “ESTE É JESUS, NAZARENO, REI DOS JUDEUS”

A profecia citada em Marcos 15:28 (“E cumprindo-se a escritura que diz: E com os malfeitores foi contado”), que fala sobre os dois malfeitores crucificados com Jesus, é de Isaias:

 “… porquanto derramou a sua alma na morte; foi contado com os transgressores; contudo,levou sobre si o pecado de muitos e pelos transgressores intercedeu”.  — Isaías 53.12 

Estes malfeitores são citados como ladrões em outros evangelhos, porém um roubo não teria pena de morte, é possível que se tratasse de rebeldes ou assassinos. 

 

LUCAS 23:44-48 MORTE 

Falaremos mais dos versículos relacionados a morte de Jesus, no próximo estudo. Para hoje concentramos em  fatores importantes:

“já era quase hora sexta, e, escurecendo-se o sol, houve trevas sobre toda a terra ate a hora nona.” Relógio judaico, era algo entre as 12:00 e as 16:00 horas. A pascoa daquela época sempre caia na lua cheia, e um eclipse solar era impossível, mas é possível que se trate de uma tempestade que escureceu muito o lugar.

A morte ocorreu em torno das 15:00 horas. Lucas é o único que registra que após a sua morte a multidão se dispersou, triste, chorando. 

João 19:31-37 fala da lança que transpassou Jesus>

O dia encerrava para os judeus ao por do sol, então as 18:00 horas para eles seria já sábado, e no sábado não se poderia fazer nenhum serviço segundo a lei judaica, por isso eles pediram que os crucificados morressem logo. O ato de quebrar as pernas acelerava a morte.

O soldado que fez o ato, viu que Jesus já havia morrido, portanto não era necessário quebrar suas pernas. Sendo que para comprovar sua morte furou o lado com uma lança. Existe uma profecia:

“Mas derramarei sobre toda a família de Davi e sobre todos os habitantes de Jerusalém um espírito de ação de graças e de oração. Eis que eles olharão para a minha pessoa, aquele a quem eles mesmos traspassaram, e prantearão e se lamentarão por ele como quem chora a perda de um filho único; e verterão lágrimas de enorme amargura por ele, como quem chora a morte do primogênito!” — Zacarias 12:10

 

Se você leu todo esse artigo, é porque realmente está interessado na história real do Cristo. Então quero que leia o artigo que fala sobre os DETALHES MÉDICOS DA MORTE DE JESUS. Descubra o que a medicina afirma sobre todo o sofrimento que Ele carregou naquele dia. Clique aqui para ler o artigo.

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