O REFLEXO DA REALIDADE

o que é a realidade?

Se você já assistiu Matrix, sabe que o que vemos, ouvimos e sentimos pode muito bem não ser realidade.

Para nós humanos a realidade é aquilo que queremos que ela seja. Manipulamos a realidade de acordo com nossos pensamentos ou sentimentos. E assim a realidade deixa de ser a verdade.

Toda vez que você reflete sobre alguma lembrança sua mente preenche algumas lacunas com aquilo que é mais lógico ao momento. E dependendo do momento essa lógica pode ser bem diferente da realidade.

Mas afinal, como saber o que é real?

#NO MILÊNIO PASSADO

Em seu livro ‘A escola do conhecimento’ Cortella fala sobre as duas linhas gregas de entendimento da realidade, o conflito entre racionalismo e empirismo, e nos últimos séculos alguns nomes de destaque debateram sobre estas linhas:

Descartes (1650), Spinoza (1677) e Leibniz (1716) acreditavam que o conhecimento chegava a nós através de raciocínios dedutivos, por lógicas mais matemáticas, como fórmulas infalíveis de pensamentos, acreditavam que os princípios de conhecimento eram inatos (que pertenciam ao ser desde o seu nascimento) e que a realidade era basicamente evidente, portanto alcançável.

Ao mesmo tempo outros nomes famosos falavam o contrário.

Bacon (1626) e John Locke (1704) tratavam de conhecimento através da percepção do mundo sensível, para eles todo o conhecimento provém da experiência e portanto deveria ser ‘provado’.

Pois bem, um pouco antes de 1800 um cara de renome, Immanuel Kant,  juntou as duas linhas e admitiu a existência do conhecimento da verdade inata, que nasce junto com a gente e que não podemos ter certeza senão através da fé, mas que também adquirimos conhecimento da realidade através da experiência, e para este tipo de conhecimento até podemos dizer que de fato conhecemos mas que não exprime a essência da realidade.

Isso deixou o debate muito pior, basicamente afirmou que nada era sabido. Um racionalismo baseado em intuição improvável.

Mesmo aquilo que se poderia provar, também poderia não ser a realidade.

Uma afirmação que nos indica que mesmo quando alguém se autodenomina ateu, isso não significa que é desprovido de fé, pois para qualquer realidade que se possa pensar a fé se faz necessária.

Nessa mesma época Hegel falou sobre a realidade como uma idéia inicialmente contida no ser humano e que se exteriorizava em ações humanas no mundão. Que essa verdade ao se exteriorizar enfrentava o material para se impor, se depurava e depois voltava ao ser humano aperfeiçoada, e assim esse sujeito humano descobria a si mesmo em sua autoconsciência.

Hegel acreditava que o humano, a natureza e a própria história eram manifestações de um ESPÍRITO ABSOLUTO. Você já ouviu isso não ouviu?

Paulo de Tarso escreveu uma carta aos moradores de Colossos, e nela referiu-se da mesma forma a Jesus:

“Ele é antes de todas as coisas, e nele subsistem todas as coisas”

(Colossenses 1:17)

O Deus judaico, o Jesus cristão, o Ala muçulmano, Brahma hindu  lembram o Espírito Absoluto de Hegel.

#ESSA TAL VERDADE

Edmund Husserl (1859-1938) tentou fugir ao ceticismo e dizia que deveríamos entender os objetivos do conhecimento como fenômenos, como sentidos que vem à tona, e que devemos subtrair deles tudo o que não é essencial, e depois deixar o raciocínio (totalmente livre de determinações externas), mergulhar nele. E assim, somente assim, chegariamos a um pedaço da pureza da verdade.

A proposta do nosso amigo Edmund é até bem simples, trata de REFLEXÃO.

Já percebeu a quantidade de prêmios nobel ganhos por pessoas de descendência judaica? Já notou quanta inovação acontece no mundo oriental? Talvez não seja o acaso. Estes são os povos que à milênios dominam a arte da reflexão através de meditação. Eles meditam, na maior parte dentro das suas crenças, mas não apenas absorvem o que as vitrines do mundo lhes entrega de mão beijada, eles limpam a mente de todas as questões externas, da opniões de outros e do mundo a sua volta (como Edmundo Husserl disse) e refletem no essencial, as vezes por minutos, as vezes por horas, e daí então admitem sua própria opnião.

Qual sua opnião? Quando foi a última vez que você teve certeza que o que disse veio realmente de você e não do seu vizinho?

Augusto Cury, em seus diversos livros e palestras, fala que neste século nós humanos sofremos da Síndrome do Pensamento Acelerado. Há tanta informação nos rodeando que nosso cérebro simplesmente não para de absorvê-las, e isso não é bom, porque cria um universo de pessoas cheias de informação, mas sem sem opinião alguma. Nós assistimos algo e achamos que a verdade está ali, lemos um livro e logo aceitamos o que o autor escreveu, como sendo a nossa verdade, até mesmo nesse momento, você está lendo este artigo e acreditando em cada palavra que eu escrevo, mas essencialmente não está refletindo sobre isso.

Você diz acreditar em um Deus porque aprendeu isso com outras pessoas, mas você acredita nele a ponto de chamá-lo de seu Mestre? A ponto de entregar sua vida a Ele? Esse Deus é o seu Deus ou é o Deus do seu líder religioso? Se Ele não for o seu Deus, o seu Mestre, então o que você está fazendo é em vão, e isso, isso sim é usar o nome de Deus em vão, dizer que acredita e acreditar realmente são coisas distintas.

E você que não acredita em nada. Já refletiu de verdade sobre isso? Ou não acredita por que é mais fácil ou mais provável? No mundo da física quântica nada é impossível, nem mesmo Deus. Se a própria ciência fala que tudo, mesmo as coisas mais loucas, é possível, porque a existência desse Deus (louco) não é possível? O quanto você sabe sobre o materialismo (e o imaterialismo) da física quântica, e de outras ciências como biologia, astronomia, matemática, etc, para dizer que a ciência prova que Deus não exista? O quanto você sabe sobre Deus para afirmar que Ele não exista?

O objetivo aqui não é mostrar que Ele existe ou não. Isso é você leitor, que deve concluir, mas somente chegará a verdade se abrir sua mente para aquilo que talvez já esteja aí dentro, e observar o que está a sua volta, testar suas teses, provar suas teorias, conhecer de fato aquilo em que baseia sua crença ou descrença.

REFLITA!

E CONHECEREIS A VERDADE E A VERDADE VOS LIBERTARÁ.

SEJA LIVRE!

BIBLIOGRAFIA:

CORTELLA, Mario Sérgio. A Escola e o Conhecimento. 2016. Editora Cortez.

CURY, Augusto. O futuro da humanidade. 2005. Editora Arqueiro.

SENAC SÃO PAULO. Proposta pedagógica e concepções em educação. Centro Universitário SENAC.

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